Avançar para o conteúdo principal

Dietas para emagrecer – qual a melhor?

Ao colocar no motor de busca Google “dieta para emagrecer” aparecem cerca de 20 600 000 resultados, com títulos promissores que podem criar expectativas em quem é facilmente influenciável e pretende uma rápida redução de peso!

Segundo alguns artigos científicos, as dietas para emagrecer podem classificar-se em: low-carb/high-fat; low-fat/high-carb; very low carbohydrate; very-low calorie, high protein; high fiber (1, 2, 5).

Como exemplo das dietas low-carb/high-fat temos a Atkins’s e Protein power lifeplan, com menos de 100g/dia em hidratos de carbono e teores de gordura acima de 60% do valor energético total (1,2). A maior vantagem deste tipo de dietas é que a baixa ingestão de hidratos de carbono, leva, por conseguinte, a menores níveis de glicose e insulina no sangue, que se refletirá numa supressão do apetite (1).

Já a dieta cetogénica (designada very low carbohydrate) contém um menor teor em hidratos de carbono, menos de 50g/dia (2) (o equivalente a 2 maçãs de tamanho médio e duas tostas rectangulares de trigo integral) – 5% das calorias ingeridas provêm dos hidratos de carbono, 15% da proteína e 80% das gorduras (3).

Convém referir que estas estratégias onde há uma restrição severa em hidratos de carbono não devem ser uma opção a tomar de ânimo leve para atletas, principalmente quando se encontram no período competitivo ou quando o objetivo é realizar treinos de maior intensidade ou aumentar a massa muscular.

As dietas low-fat/high-carb de que são exemplos Dean Ornish e Pritikin diets, caraterizam-se por ingestões diárias de gordura a rondar os 11-19% ou, em dietas muito pobres em gordura, <10% do valor energético total (1).

As dietas very-low calorie não fornecem mais do que 800kcal/dia, que apesar de levarem a uma rápida perda de peso, a sustentabilidade deste regime alimentar a longo prazo deixa algumas dúvidas e carece de mais estudos (1).

Para além das referidas anteriormente, a restrição alimentar em determinados períodos do dia ou prolongar o jejum entre refeições, têm sido estratégias seguidas por quem pretende emagrecer.

Estas dietas são apelidadas por jejum intermitente e caraterizam-se por uma redução superior a 60% do valor energético diário durante 2 a 3 dias por semana ou em dias alternados e a outra estratégia passa pela redução do intervalo de tempo em que é permitido comer (8-10h) (4).

Por outro lado, a restrição energética contínua (défice calórico de 500 ou 750kcal/dia ou uma redução de 30% das necessidades energéticas diárias) (4) constitui também uma estratégia para emagrecer.

Contudo e segundo um artigo de revisão de 2018, a High protein diet, pelo maior teor proteico que apresenta, parece ser a que conduz a uma menor perda de massa muscular, como pode ser observado no gráfico desse mesmo artigo (5). Esta dieta (High protein diet) carateriza-se por uma ingestão proteica ≥ 2g/kg/dia (5).

Todas as dietas para emagrecer têm em comum a restrição calórica, ou seja, o individuo ingere menos calorias do que aquelas que gasta. Contudo, não nos devemos focar apenas no valor calórico do plano alimentar, uma vez que, em períodos de restrição energética é importante definir um aporte proteico ótimo para preservar a massa muscular.

Portanto, o objetivo não deve ser apenas baixar o número na balança, mas sobretudo, melhorar a composição corporal.  A estratégia deve ser individualizada de forma a alcançar o objetivo, manter o peso alcançado e sem comprometer a saúde do indivíduo.

➤ Mostrar/Ocultar Referências!
  1. Joshi, S. and Mohan, V. (2018) Pros & cons of some popular extreme weight-loss diets. Indian Journal of Medical Research 148, 642-647.
  2. Bolla, A., et al (2019) Low-Carb and Ketogenic Diets in Type 1 and Type 2 Diabetes. Nutrients 11, 962.
  3. Harvey, K., et al (2019) Ketogenic Diets and Exercise Performance. Nutrients 11, 2296.
  4. Rynders, C., et al (2019) Effectiveness of Intermittent Fasting and Time-Restricted Feeding Compared to Continuous Energy Restriction for Weight Loss. Nutrients 11, 2442.
  5. Willoughby, D. (2018) Body Composition Changes in Weight Loss: Strategies and Supplementation for Maintaining Lean Body Mass, a Brief Review. Nutrients, 10, 1876.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os Suplementos Termogénicos Funcionam?

A obesidade encontra-se classificada como uma doença crónica cuja prevalência tem vindo a aumentar ao ponto de atualmente ser considerada uma pandemia. ¹ Atualmente, verifica-se que a maioria da população europeia (60%) encontra-se na categoria de pré-obesidade, ou obesidade. ¹ Em Portugal o cenário é relativamente similar, com 57,1% dos indivíduos a apresentar um índice de massa corporal ≥25 kg/m². ²   Logicamente, esta população numerosa representa um mercado apetecível para as empresas envolvidas na produção e/ou comercialização de suplementos alimentares, que ambicionem aumentar as suas vendas.  Do conjunto de suplementos direcionados para a perda de peso/gordura, destacam-se os termogénicos, os quais, supostamente, promovem um aumento da lipólise através de um aumento do metabolismo, induzido por determinados compostos presentes nesses suplementos.  Mas será que os suplementos termogénicos efetivamente facilitam a perda de peso ou de gordura em indivíduos pré-obesos ...

Quantidades Mais Elevadas de Proteína Afetam Negativamente a Saúde a Longo Prazo?

Afirma-se com alguma frequência que ingestão de quantidades relativamente mais elevadas de proteína tem um impacto negativo na saúde, sobretudo a médio-longo prazo.  Entre os putativos efeitos negativos temos, por exemplo, perturbações a nível renal, problemas cardiovasculares, maior probabilidade de problemas de saúde na velhice incluindo menor saúde metabólica, menor longevidade e outros.( 1 )  Mas será que uma maior ingestão de proteína realmente prejudica a saúde a longo prazo?  Kitada et al. (2024)  Recentemente, foi publicado um estudo que pretendeu avaliar os efeitos da ingestão de proteína a longo prazo, no envelhecimento de 3721 mulheres que participaram no famoso estudo prospetivo Nurses Health Study.  Mais precisamente, estes investigadores pretenderam testar a hipótese de que uma ingestão mais elevada de proteína se associa a uma maior probabilidade de envelhecimento saudável.  Neste caso, envelhecimento saudável correspondia a uma boa saúde me...

Os BCAAs São Úteis Para Praticantes de Musculação?

Pode-se afirmar que os aminoácidos representam os blocos de construção do músculo esquelético e de outras proteínas que integram o corpo humano.  De um total de 20 diferentes aminoácidos que podem formar as diversas proteínas presentes no corpo humano, 9 são considerados “aminoácidos essenciais” por não poderem ser sintetizadas nos tecidos corporais e têm obrigatoriamente de ser obtidas a partir da dieta.  No conjunto de 9 aminoácidos essenciais incluem-se os aminoácidos de cadeia ramificada. São eles a leucina, isoleucina e valina, e constituem cerca de 14% do total de aminoácidos que constituem as proteínas do músculo esquelético.  Os aminoácidos de cadeia ramificada, ou BCAAs, são dos suplementos mais consumidos (36,8%) pelos portugueses que frequentam os ginásios.  A sua popularidade baseia-se na crença, alimentada por campanhas de marketing financiadas por empresas de suplementos, de que os BCAAs têm propriedades anabólicas e anti-catabólicas. Kaspy et al. (2023...