Avançar para o conteúdo principal

Os Alimentos Ultraprocessados Diminuem a Força Muscular

Os alimentos ultraprocessados, mais conhecidos por “fast-food” fornecem cerca de 50% da energia consumida diariamente em países ocidentais como os EUA e Reino Unido.

Tipicamente, esta categoria de alimentos é hiperenergética, contém açúcar, gordura saturada, gordura trans e sal adicionado. É também pobre em fibra, proteína, vitaminas e minerais.

Tem vindo a acumular-se evidência científica de que, devido à sua composição nutricional inadequada, os alimentos ultraprocessados podem diminuir a síntese de proteína muscular.

  1. A presença de ingredientes artificiais e aditivos como edulcorantes, estabilizadores, emulsificantes e conservantes pode promover uma maior proliferação de bactérias pro-inflamatórias no trato gastrointestinal, o que pode contribuir para a perda de força e massa muscular.
  2. Os produtos de glicação avançada (AGEs), presentes em maiores quantidades em produtos como bolachas, biscoitos, e batatas fritas, podem acumular-se no tecido muscular e associam-se à perda de força.
  3. As embalagens que contêm estes alimentos geralmente incluem ftalatos e bisfenóis, cujo consumo se relacionada com menor força muscular.

Até à data, pouco se sabia acerca da relação entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e força muscular, que é um fator de incapacidade para os idosos.

Recentemente, um grupo de estudiosos investigou a associação entre a ingestão de “fast-food” e alterações na força de preensão de adultos de meia-idade e em idosos.

O seu estudo incluiu um total de 5409 indivíduos com uma idade igual ou superior a 40 anos. Para além de obterem dados de ingestão de “fast-food” a partir de um questionário de frequência alimentar, os investigadores também registaram anualmente a força de preensão da mão com recurso a um dinamómetro digital.

No respeitante a resultados, verificou-se que um maior consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um declínio mais rápido da força de preensão de adultos de meia-idade e idosos.

Mais precisamente, constatou-se que um aumento de 10% de alimentos ultraprocessados na dieta relaciona-se com uma diminuição anual de 0,37 kg da força de preensão.

Os autores deste trabalho concluíram:

Uma ingestão mais elevada de alimentos ultraprocessados foi associado a um maior declínio da força muscular.

De notar que um estudo anterior, que incluiu adultos a partir dos 18 anos, também demonstrou que o padrão alimentar típico ocidental, à base de “fast-food” associa-se a uma menor capacidade de produção de força.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os Suplementos Termogénicos Funcionam?

A obesidade encontra-se classificada como uma doença crónica cuja prevalência tem vindo a aumentar ao ponto de atualmente ser considerada uma pandemia. ¹ Atualmente, verifica-se que a maioria da população europeia (60%) encontra-se na categoria de pré-obesidade, ou obesidade. ¹ Em Portugal o cenário é relativamente similar, com 57,1% dos indivíduos a apresentar um índice de massa corporal ≥25 kg/m². ²   Logicamente, esta população numerosa representa um mercado apetecível para as empresas envolvidas na produção e/ou comercialização de suplementos alimentares, que ambicionem aumentar as suas vendas.  Do conjunto de suplementos direcionados para a perda de peso/gordura, destacam-se os termogénicos, os quais, supostamente, promovem um aumento da lipólise através de um aumento do metabolismo, induzido por determinados compostos presentes nesses suplementos.  Mas será que os suplementos termogénicos efetivamente facilitam a perda de peso ou de gordura em indivíduos pré-obesos ...

Quantidades Mais Elevadas de Proteína Afetam Negativamente a Saúde a Longo Prazo?

Afirma-se com alguma frequência que ingestão de quantidades relativamente mais elevadas de proteína tem um impacto negativo na saúde, sobretudo a médio-longo prazo.  Entre os putativos efeitos negativos temos, por exemplo, perturbações a nível renal, problemas cardiovasculares, maior probabilidade de problemas de saúde na velhice incluindo menor saúde metabólica, menor longevidade e outros.( 1 )  Mas será que uma maior ingestão de proteína realmente prejudica a saúde a longo prazo?  Kitada et al. (2024)  Recentemente, foi publicado um estudo que pretendeu avaliar os efeitos da ingestão de proteína a longo prazo, no envelhecimento de 3721 mulheres que participaram no famoso estudo prospetivo Nurses Health Study.  Mais precisamente, estes investigadores pretenderam testar a hipótese de que uma ingestão mais elevada de proteína se associa a uma maior probabilidade de envelhecimento saudável.  Neste caso, envelhecimento saudável correspondia a uma boa saúde me...

Os BCAAs São Úteis Para Praticantes de Musculação?

Pode-se afirmar que os aminoácidos representam os blocos de construção do músculo esquelético e de outras proteínas que integram o corpo humano.  De um total de 20 diferentes aminoácidos que podem formar as diversas proteínas presentes no corpo humano, 9 são considerados “aminoácidos essenciais” por não poderem ser sintetizadas nos tecidos corporais e têm obrigatoriamente de ser obtidas a partir da dieta.  No conjunto de 9 aminoácidos essenciais incluem-se os aminoácidos de cadeia ramificada. São eles a leucina, isoleucina e valina, e constituem cerca de 14% do total de aminoácidos que constituem as proteínas do músculo esquelético.  Os aminoácidos de cadeia ramificada, ou BCAAs, são dos suplementos mais consumidos (36,8%) pelos portugueses que frequentam os ginásios.  A sua popularidade baseia-se na crença, alimentada por campanhas de marketing financiadas por empresas de suplementos, de que os BCAAs têm propriedades anabólicas e anti-catabólicas. Kaspy et al. (2023...